sexta-feira, 30 de março de 2012

Carta de uma suicida

Desculpa a minha falta de jeito ao escrever essa carta e também as lágrimas que molharam o fim da página,lê sem peso no coração ok?Mais livre.Eu não sabia como começar,dizer o que,pra quem,se seria ou não tolice(...)Mas resolvi escrever pra saciar aquela vontade de explicar os motivos,porque escrever me acalma,pra eu mesma entender tudo, sabe?Pensei em colocar minha ideia logo na primeira linha mas ai você não leria o resto,pensei em pedir desculpas mas seria cansativo, assim eu decidi que o melhor é escrever sem se importar com a ordem das coisas e como irão interpretar,só escrever. Quero pedir perdão pra mãe e pro pai,eu fui péssima.Tão  egoísta, não em importei com os sentimentos deles,mas seria bom se repensassem seu modo de pensar talvez eu não estivesse tão errada.E os meus amigos,aqueles de verdade,não os que vão chorar rios mas os sentados num canto pensando na comida do dia.Pra esses  eu não pedir desculpas,vou dizer muito obrigada por me aceitarem sem tentar me entender,respeitarem "o meu jeito maldoso de pensar":vocês são demais.Vô,vó,tios(as),primos(as),irmão(ã)amo muito vocês e peço que acima de tudo não tentem entender,é complicado até pra mim,só aceita e continua seguindo em diante.Quem fingia gostar de mim ou me aturar,não se preocupe eu relevei tudo porque é isso que pessoas superiores fazem.Para aqueles professores(as) que um dia simpatizaram comigo,não me digo arrependida mas me desculpo.E aquele ao qual eu amei peço que perceba melhor os detalhes da próxima vez mas garanto não ser sua culpa o que me aconteceu.Foi culpa de todo mundo e também não foi culpa de ninguém.Mea culpa,mea máxima culpa.Apenas quis ser feliz e não deu certo,vai aparecer gente falando que foi drama,desnecessário.Mas ninguém me conhece,ninguém vive por mim.Dessa forma ninguém morre por mim também,eu vou sozinha como sempre fui e deixa um beijo para aqueles que amo.Não tentem me salvar de mim mesma porque não podem,ninguém pode.

Os Romances de Clarisse


Clarisse é uma tola.Uma romântica tola que vê nos mínimos gestos uma declaração de amor,enxergando fagulhas de romance em tudo.Clarisse é uma boba.Tão sujeita a se magoar,a partir seu coração,deixar as lágrimas borrarem a maquiagem em seu rosto de porcelana.Tonta, digo mais uma vez,se apaixona por “olhares,sorrisos,gestos(...)”, ingênua em acreditar em tudo e todos,acreditar na bondade,repito:I-N-G-Ê-N-U-A.

Quero muito bem a Clarisse pra concordar com suas aventuras,seus ideais, deixar que ela acredite em príncipe encantado,quero vê-la acordada pra evitar decepções. Quero protegê-la.Minha pobre querida ingênua,posso até ouvir seu resmungar baixinho dizendo que tem razão,posso ouvi-la sussurrando pra cozinheira ajuda-la a ir ao jardim durante a noite encontrara seu amado,e semanas depois chorando no chão do quarto porque o amado a magoou. Heroína de meia tigela,protagonista de romance água com açúcar mas melhor seria não defini-la,sem rótulos apenas com aquele ar de romântica incorrigível que espera o príncipe na janela.Não ouve meus apelos a menina,fica ali tomando sereno e acabava se resfriando e se sente como a Branca de neve ou a Bela adormecida.Se sente princesa quando se apaixona,se sente donzela enquanto espera na janela,se sente via quando ama.Porque Clarisse apenas sente.

segunda-feira, 26 de março de 2012

To te convidando pra tomar um café. Daqueles bem forte como eu sei que você gosta,vou fazer um biscoitos amanteigados também caso esteja com fome ou não, pensei em colocar margaridas nos vasos mas lembrei da sua alergia. Sentei no sofá pra te esperar, bem pertinho do telefone caso você desista. Contei da minha nova arrumação dos móveis? A professora de ioga disse ajuda o feng shui do local. Não demora muito porque assim o café esfria, o cigarro apaga e o biscoito amolece. Mas calma não to te pressionando, só quero que você venha, quero conversar.Espero mais uns cinco minutos,mais uns dez,mais uma meia hora e você chega.pede desculpa pelo atraso,senta no sofá e nem repara nas mudanças,pega uma xícara e se serve do café,prova uns biscoitos e me elogia, olha no relógio despreocupadamente e começa a conversar sobre as frivolidades do dia a dia.Só que eu não sorrio mais,você demorou demais e eu assim como o café esfriei,não quero mais conversar ou falar sobre a fulaninha que casou semana passada,não me conserto com desculpas e por isso te peço perdão.Me perdoa por não ser paciente e não saber esperar você,me perdoa ser assim tão dona da verdade e te deixar na sala sozinho enquanto bebo um vinho na cozinha,perdoa?E se não quiser perdoar tudo bem,porque eu cresço sabe,sou constante e não espero e eu demoro mas esqueço.nem tive tempo de te dizer as palavras bonitas que ensaiei,você foi embora e eu esqueci.O biscoito já não parece tão bom e jogo tudo fora e movo o sofá pra perto da TV e que se exploda o feng shui.
Allie passara o restante do dia anterior pensando no comentário de Mayara, que Heitor ficara muito impressionado com Ana.Achou injusto que Ana e até mesmo Heitor se interessassem um pelo outro porque afinal ele tinha conhecido ela primeiro.Não conseguira dormir tranquila com esses pensamentos e quando acordou na manhã seguinte com olheiras terríveis não se surpreendeu,repetiu sua rotina de todo dia.Ana saíra cedo pupando o encontro das duas e Allie tomou seu chá tranquila preparando-se mentalmente para encontrar Heitor.


Para um estagiário ele era de certo inconveniente,chegar atrasado no seu segundo dia tsc,tsc,tsc.Quando ele entro na sala com seu perfume almiscarado ela ode sentir seu coração dando pulinhos,e quando ele veio em direção a sua mesa,então,seu coração não cabia dentro do peito.Heitor se sentou na cadeira em frente a mesa dela e mexeu nos folhetos espalhados por ali antes de começar a falar.


-Oi,Allie.Eu queria falar com você sobre aquelas suas amigas de ontem.
Mas é claro que não seria sobre ela,a garota estranha.
-Tudo bem,fale.
-Tem como você conseguir pra mim o telefone da morena?
-Ana?
-Essa mesmo.
Ela pegou um pedaço de papel e rabiscou o número entregando a ele.
-Aqui está.Mas ela está no trabalho uma hora dessas.
-Sem problemas.-ele se curvou pra frente dando um demorado beijo em sua bochecha -Fico te devendo uma,Allie.


Ela não esperou ele se afastar o suficiente do seu cubículo para começar a hiperventilar.Tudo bem que ele estivesse interessado em Ana,aquele beijo mostrara que ela não perder as esperanças mas isso é claro se eles não começassem a namorar.Seria terrível dar em cima do namorado da melhor amiga.Discou o número da amiga do telefone da empresa e torceu para ela atender.


Anna estava lendo as informações sobre o caso que iria escrever uma reportagem:as novas regras do MEC sobre a escrita.Podia não ser empolgante mas era o melhor que ela conseguiria naquela semana.Exceto talvez pelo corpo encontrado no dia anterior,apesar de não ter tido tempo pra escrever ou pesquisar sobre o assunto ela pensara bastante no caso.Decidira pedir ajuda a professora da faculdade que sempre se mostrou disposta a auxiliar os aluno a desenvolver seu faro investigativo apesar de parecer loucura se citado dessa maneira.Tinha começado a escrever a primeira frase quando o telefone tocou,ficou preocupada ao ver o nome de Allie mas essa preocupação se esvaiu ao ouvir o tom de voz eufórico dela.


-Ana?Pode falar agora,porque se não puder tudo bem.
-Fala.
-O Heitor pediu seu telefone.
-O do shopping ontem?
-Esse mesmo.Eu dei o número,algum problema?
-Sério?Ele é muito lindo e, ai meu Deus nem acredito que to falando desse jeito,mas é a verdade então muito obrigada Allie.
-Ele é lindo mesmo.Tenho que desligar agora e depois converso com você.Tchau.
-Tchau.


Durante toda a manhã,enquanto escrevia reportagens,anotava informações,tomava café e aturava Henri.Ana pensava em Heitor,com seu jeito misterioso e tudo mais,chegava a rir acreditando não mais se conhecer e sem lembrar a última vez que se sentira assim:com esse formigamento pelo corpo,querendo conhece-lo melhor.Nem reclamou quando não foi liberada para almoçar,apenas relevou tudo pensando em Heitor.


Continua...

domingo, 25 de março de 2012

Heitor chegou no apartamento alugado pro volta das seis da tarde,o trabalho no shopping demorara muito e ainda passou na empresa para entregar as fotos.Sentou no sofá que se tornava cama todas as noites e pensou em pedir uma pizza quatro queijos com coca-cola pra relaxar.Tirou o mocassim e jogou a jaqueta na cadeira perto da porta,pegou o celular no bolso quase o deixando cair quando ele vibrou ao primeiro toque de um número desconhecido.


-Alô?
-Heitor?
-Sim,quem fala?
-Como você tá mais educado,o papel caiu muito bem não?Sabia que quele curso de fotografia iria ajudar algum dia.Mas eu liguei pra falar de outra coisa.Tem como  vir aqui amanha a noite?
-Puxa o que aconteceu agora?
-Você vem ou não?
-Que escolha?Apareço lá pelas oito em diante.
-Beleza.


Pode imaginar a ligação apagada,a bateria retirada.Proteção era isso que diriam,desistiu da pizza e foi na cozinha procurar algo pra comer,achou barrinhas de cereais e coca diet.Ligou o notebook e observou seu quarto e sala,um sofá,uma geladeira,um armário pequeno,um mesa de madeira e uma cadeira enferrujada além do banheiro minusculo.Com certeza podiam dar um lugar melhor pra ele viver,mas o objetivo era não chamar atenção.Leu as noticias e uma em especial chamou sua atenção:Um copro encontrado numa viela perto dos armazéns por Ana Teixeira.Tinha uma foto da jornalista, mesmo reduzida e em preto e branco ele reconheceu a amiga de Allie.
Desligou o computador e deitou pensando na garota,sorriu ao pensar que ela poderia causar problemas,antes de fechar os olhos tomou uma decisão.Iria descobrir seu telefone no dia seguinte.
Continua...
Mayara e Allie tagarelavam sobre a nova loja de cosméticos no shopping, porém Ana não ouvia nenhuma palavra do que elas diziam. Sua mente corria tentando juntar os fatos,detalhes sentia-se como um verdadeiro Sherlock Holmes ou talvez Hercule Poirot,imaginou seu pai sentado na cadeira de balanço na varanda com um exemplar meio mofado e antigo de Agatha Cristhie ou Doyle rido enquanto ela contava sua história maluca,mandaria ela escrever pra ter história no futuro e ela diria já ter esquecido.Perdia-se nos pensamentos quando Allie sacudiu seu ombro perguntando se ela tinha ouvido,pediu que repetisse.


-Olha,Ana,olha logo mas discretamente.Tá vendo aquele ali de jaqueta?Ele tá trabalhando comigo,o nome dele é Heitor e ao que parece ele não é daqui e é isso que e o charme,sabe,esse ar misterioso...


Allie soltou um longo suspiro seguido de risadinhas eufóricas de Mayara e Ana observou o rapaz.Sem dúvidas de que ele era bonito, alto,forte,misterioso,estiloso,a lembrou de um livro em que o personagem principal era descrito assim e nos capítulos seguintes virava um vampiro.Deu uma risadinha mal interpretada pelas amigas e voltou para seu almoço,saboreava suas batatas fritas quando ouviu uma voz áspera acima dela e levantou a cabeça.


-Allie?Desculpe incomoda-la mas é que me pediram pra tirar fotos de uma competição de cachorros aqui no shopping e acabei me perdendo.
-Ah,claro Heitor.Segundo andar,ala cinco.Essas são as minhas amigas Mayara e Ana.
-Muito prazer agora eu tenho que ir.Desculpem o incomodo.


-Allie querida como esse monumento descobriu que a gente almoça aqui?
-Meu Deus Mayara espere ele se afastar mais.-ela ria se deliciando com tudo isso-O pessoal do trabalho comentou com ele desse restaurante barato e com uma comida boa,mas pelo visto ele está trabalhando.
-Nossa querida Ana aqui pelo visto impressionou muito a miragem além de ficar impressionada não é?-


Mayara e Allie riam prazerosamente.Ana ficara impressionada com Heitor, o jeito dele falar e o perfume que se prendera em sua camiseta a embriagavam.Terminou de almoçar e se despediu das risonhas amigas para que pudesse voltar para o escritório.A tarde seria longa.


Heitor entrara por acaso naquela agência de fotografia e deu de cara com Allie,achara a simpática.Fazer amigos,ter emprego,se possível arranjar uma namorada,uma boa forma de se misturar.Ele ouvira ela comentando que iria almoçar no shopping e logo aceitou a incumbência de estagiário da empresa numa boa: fotografar cachorros no shopping.Fingiu simplesmente acha-la ali e ter se perdido e fora muito bem na sua missão, convencera todas as três garotas.Porém se impressionou de verdade com uma delas,a dos olhos curiosos.Pensava nela enquanto tirava as fotos e chegou a conclusão de que a tarde seria longa demais.


Continua...

sábado, 24 de março de 2012

Eu gosto dele sem mais explicações,dele inteiro com todos seus defeitos e manias. Gosto de estar com ele e sentir seu perfume na minha roupa depois de abraça-lo, gosto de ver como sorri quando pensa besteira ou quando xinga baixinho a professora,gosto quando ele bagunça meu cabelo ou me irrita.Gosto de vê-lo preocupado com o futebol,gosto do olhar dele,dos dentes meio tortos e brancos, gosto do seu perfume,do seu gosto musical,dos seus rabiscos,sua letra(...) Gosto de cada coisa nele,gosto do fato de gostar dele e dele gostar de mim.Gosto mais ainda de saber que o amo,que o quero junto a mim em todos os momentos,que penso nele o dia inteiro e nunca vou me cansar dele:quero sempre mais dele.Quero sempre mais ele,eu quero ele de qualquer forma, humor o que for.É simples,eu o amo. 



Escuta menina.O canto dos pássaros na tua janela,o barulhinho da garoa que cai do outro lado da janela.Ouve música boa e faz feliz teu coração,enche teu peito de coisas boa e alegria.Preenche te de uma alegria sem motivo e sorri pra vida,porque vivemos e levantar todos os dias já é de grande importância.Sorri,minha cara,te faz feliz. 


Ela sorri sozinha ao pensar em como é bom se sentir bem.Não se importa que a frase seja contraditória,ou que ela mesma seja assim,não se importa com nada nem ninguém que possa feri-la.Vive um dia de cada vez para ter a possibilidade de a cada dia conhecer uma coisa melhor que outra e se impressionar com a beleza existente nas coisas mais simples da vida.Semana passada ela conheceu o amor da vida dela para no dia seguinte se lembrar que não sabia seu nome,descobriu a música da sua vida anteontem e hoje já não quer mais ouvi-la.Se descobre a cada amanhecer só pra levantar com um sorriso sonolento,sai cantando do chuveiro e dança enquanto escova os dentes.Ouve cosias que não gosta,lê coisas que não a fazem bem mas ela ignora e volta a sorrir confiante em si mesma.Entrou na academia,no curso de inglês,na aula de ioga,fez carteira na biblioteca,mudou de escola,conheceu novas pessoas e se caso queira pergunta-la como está agora,enfim,recebera uma resposta verdadeira:ela está bem.Consigo e com o mundo ao seu redor. Ela está bem.
Não sabe como dói ouvir você dizer que ninguém te ama,ninguém cuida de você. Porque eu te cuido e estou sempre aqui do teu lado,tentando me aproximar,tentando te mostrar que não precisa procurar muito é só prestar atenção.Mas não queres saber disso,te importas apenas com quem não te quer bem,quer é criar ilusões de amor perfeito com um cara que nem se importa com você.Você não quer alguém que te me,quer que ele te ame e fica sozinha e desolada quando não consegue sem perceber que eu to aqui pertinho de ti só esperando pra te fazer feliz.
--Gabrielli Silva 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Assinado eu-Tiê


Já faz um tempo
Que eu queria te escrever um som
Passado o passado,
Acho que eu mesma esqueci o tom
Mas sinto que eu te devo sempre alguma explicação.
Parece inaceitável a minha decisão.
Eu sei.
Da primeira vez quem sugeriu,
Eu sei, eu sei, fui eu.
Da segunda quem fingiu
Que não estava ali também fui eu.
Mas em toda a história,
É nossa obrigação
Saber seguir em frente,
Seja lá qual direção.
Eu sei.
Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom.
Mas se é contrário, é ruim, pesado
E eu não acho bom.
Eu fico esperando o dia que você
Me aceite como amiga,
Ainda vou te convencer.
Eu sei.
E te peço, me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada,
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.
E te peço, me perdoa,
Me desculpa que eu não fui sua namorada,
Pois fiquei atordoada de amor
Faltou o ar,
Faltou o ar.
Me despeço dessa história
E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá, e foi pra lá.

Do teu lado-Leoni


Te escrevo essa canção
Pra te fazer companhia
Pra segurar tua mão
Não te deixar sozinha
Canção feita de pele
Pra usar por baixo da roupa
Canção pra te deixar um gosto doce na boca
Te escrevo essa canção
Porque nem sempre ando perto
E essa canção me ajuda a atravessar um deserto
Canção de fim de tarde
Pra se infiltrar nos seus poros
Pra acordar com você
Te olhar no fundo dos olhos
Canção pra andar do teu lado
Em toda e qualquer cidade
Pra te cobrir de sorrisos
Quando eu chorar de saudades
Te escrevo essa canção
Pra te fazer companhia
Pra segurar tua mão
Não te deixar sozinha
Canção feita de pele
Pra usar por baixo da roupa
Canção pra te deixar um gosto doce na boca
Canção pra andar do teu lado
Em toda e qualquer cidade
Pra te cobrir de sorrisos
Quando eu chorar de saudades

Sandra estava em casa sozinha quando o policial ligou dizendo que haviam encontrado seu marido.Ele saíra de casa na quinta feira pra resolver um problema e não voltou mais deixando-a preocupada,porém quando o policial ligou essa manhã ela não imaginou que seria pra avisar da morte do seu marido.Ela chorou bastante mas se controlou para estar preparada quando o pequeno Thor chegasse da escola, pensava nisso quando bateram na porta Sandra não queria ir abrir mas podia ser um dos policiais.Quando deu de cara com aquela mulher de rosto vermelho Ana quase se arrependeu de ter ido ali, mas sua curiosidade em solucionar aquele caso era maio que seu bom senso.Ainda com a voz falhando Sandra disse:

-Você não é policial.
-Deve ser a terceira vez que eu digo isso hoje-Ana murmurou para si- Eu sou jornalista,Ana,muito prazer. Desculpe, meus pêsames. Poderia entrar e trocar algumas palavras com a senhora?
-Entre,mas eu não posso demorar muito conversando.Thor já deve estar chegando da escola.

A casa era simples porém aconchegante,o que fez Ana se sentir mais tranquila.Ela tirou da bolsa o embrulho com cupcakes e imaginou se aquela mulher aceitaria mesmo tão próximo do almoço.Sandra sentou-se na poltrona e observou a jornalista enquanto ela abria a bolsa e pegava um embrulho além do bloquinho e do gravador.Havia imaginado que os jornalistas viriam atrás dela mas não tao rápido,pegou um dos cupcakes que a outra oferecia e se reclinou na poltrona esperando as perguntas talvez as mesmas que o policial fizera.

-Eu gostaria de saber um pouco mais sobre seu marido senhora?
-Junqueira.Sandra Junqueira.
-Pois então,ele tinha alguma divida,inimigos,motivos para um assassinato.-Ana ligou o gravador enquanto a outra beliscava o cupcake e pensava na resposta.
-Meu marido moça era um homem maravilhoso.Era um pai atencioso e presente,dava tudo que o filho queria eu até achava que ele mimava demais o menino,sempre ajudando todo mundo.Ai ele perdeu o emprego porque mudaram a direção da empresa,as dividas começaram a aparecer sabe,e ele ficava cada vez mais tenso e preocupado.-ela parou pra respirar,sua voz começava a embargar e seus olhos embaçavam- Teve um dia que ele saiu e disse que ia resolver tudo, foi andando pra sei lá onde e quando voltou tinha pagado as divida e ainda sobrou um dinheirinho pra jantar fora.Foi uma felicidade moça,a gente passou uns meses vivendo em paz até que os cobradores voltaram pra nossa porta.
Ela se levantou e buscou um bule de chá na cozinha com duas xícaras serviu-se e a Ana e depois voltou a falar. 
-Era sempre as mesmas cobranças,mas os cobradores mudavam toda a semana.Um dia era um surfista com uma prancha nos braços que procurava o Vitorio pra conversar,no outro era um armário mal-encarado todo de preto.Eles queriam sempre conversar com meu Vitorio,mas ele tinha medo desses homens e se escondia.Na semana passada,segunda-feira eu acho,outro deles veio aqui e dessa vez era um baixinho,robusto,usando óculos e segurando uma pasta nas mãos ele me examinou da cabeça aos pés e pediu que eu desse um recado pro meu marido,ele disse assim: Fala pra ele que essa é a última semana,a gente não pode arriscar mais.Ele sabe onde me encontrar.Eu disse pro Vitorio e ele ficou desesperado,não queria que nenhum de nós saísse de casa ai então eu perguntei o que eles eram,ele não respondeu e saiu.Foi na quinta feria de tarde eu acho e desde então ele não voltou mais -ela soluçou e Ana segurou seus ombros tentando reconforta-la - Encontraram ele hoje naquela viela.
 Ana pediu desculpas a mulher mais uma vez,guardou seu gravador e se levantou para ir embora,a mulher tentou lhe entregar a caixa de cupcakes mas ela fez que não e recusou.Estava no seu horário de almoço,ia encontrar Mayara e Allie para depois investigar um pouco mais sobre esse caso.Ela tinha uma grande suspeita do que havia acontecido.

Enquanto Ana esperava o trem,um rapaz alto falava no telefone num café de luxo do outro lado da cidade.Ele bebericava o chocolate quente enquanto ouvia seu interlocutor,mas algo dito por este o surpreendeu e fez-lo derramar a bebida quente na sua nova jaqueta de couro.Desligou o telefone e se concentrou em limpar a mancha, olhou pela janela como se procurasse alguém o que permitiu um rápido vislumbre de seu rosto.Tinha uma cicatriz no lábio superior,um olhar carregado cercado por olheiras e combinava com o cabelo preto bem curto.A jaqueta de couro finalmente estava quase limpa e ele pode voltar a bebericar seu chocolate.

Assim como todas as manhãs a edição do jornal onde Ana trabalha estava efusiva com novas noticias,acontecimentos ou simplesmente em busca de café.Ela seguiu para a sala onde trabalhava com mais 5 pessoas,cada uma em sua própria mesa lotada e cheia de mais e mais casos.Todos ali queriam uma oportunidade de mostrar seu talento e ser promovido,o difícil era conseguir essa oportunidade.Por sorte ou talvez mérito Ana sabia que havia conseguido a sua chance de provar para seu editor que ela merecia ser tirada daquela sala e ganhar seu próprio escritório.Ia começar a anotar as informações que tinha conseguido,fazer ligações quando Henri seu editor entro na sala cantarolando uma música dos anos 70.

-Bom dia para todos aqueles que tem que acatar minhas ordens.Ah querida você já está ai.E Brad onde está a reportagem sobre o incêndio naquela casa da rua cinco?
-Mais vinte minutinhos Henri. 
-Já teve tempo de mais,Oliveira termina essa reportagem e coloca na minha mesa em cinco minutos.Ana já escreveu sobre o assassinato?
-Consegui informações,mas eles ainda não sabem quem são o assassino e o assassinado.Vou tentar descobrir agora e escrever.
-Não demore docinho se não peço ao Oliveira pra terminar por você.

Ela teve vontade de dar uma bofetada no Henri e no Oliveira seu fiel escudeiro naquela sala.Mas não podia ser tirada daquele caso.Ligou para alguns contatos,procurou na internet e não achou nada sobre quem era aquele corpo,até que uma amiga sua que uma amiga sua da corporação ligou falando que já tinham nome e endereço do morto:Vitorio Junqueira,32 anos casado com Sandra e pai de um menino,morava na n° 158,Avenida dos Papagaios,Zona Leste.Ana agradeceu,escreveu uma noticia completa mas sem detalhes desnecessários pegou a bolsa e saiu para visitar a n°158 na Av.dos Papagaios.
Continua....

quinta-feira, 22 de março de 2012

Quando Ana chegou no local onde o corpo fora encontrado,uma viela suja,os policiais ainda interrogavam os trabalhadores daquela área. Um deles parecia assustado,provavelmente foi quem encontrou o corpo. O faro jornalistico de Ana estava aguçado,ela queria saber o que aconteceu ali,se o homem do trem tinha alguma ligação com aquele crime.Contrariando seu tio sua curiosidade vinha ajudando-a,afinal graças a esta ela resolveu cursar jornalismo. Aproximou-se de um policial e conferiu mais uma vez as perguntas no bloquinho,pegou o gravador e chamou-o.
-Bom Dia,eu sou jornalista e tenho algumas perguntas pro senhor.
-Pode anotar ai:Foi morto na última quinta feira,tem por volta dos 31 anos,sexo masculino,tiro à queima roupa,identidade não conhecida.Quem encontrou foi aquele baixinho ali se quiser pode entrevistar depois que o policial terminar.
-E vocês não tem nenhuma ideia do porque ele foi assassinado?
-Esse caso provavelmente vai ser arquivado,docinho,mas eu posso te dizer que o corpo foi largado aqui no mesmo dia da morte.
-Hã,muito obrigada.Com licença.
A testemunha ainda estava sendo interrogada por uma policial quando Ana se aproximou dele,o rapaz tremia e mexia no cabelo a cada pergunta que lhe era feita.Assim que a policial se afastou ele caiu sentado na calçada sem se importar com as pessoas que o observavam,ela se sentou ao lado dele e o observou.Não devia ter mais que 20 anos e tudo indicava ser novo no trabalho também.Pobre garoto pensou ela antes de falar com ele.
-Oi,ta tudo bem?
-Claro que não.Eu encontrei um corpo, você vê como isso é terrível?Quem é você e porque está sendo legal comigo?
-Eu sou jornalista e ia te convidar par um café assim eu podia te entrevistar e você se acalmar.Topa?
-Olha moça eu vou aceitar,porque eu to com fome mesmo e a senhora parece ser boa gente.
Foram a uma cafeteria perto dali que ela conhecia,não tinha luxos mas em compensação era bem vazia aquela hora da manhã além de dar pra ir andando.Caminharam em silêncio até lá,fizeram o pedido e sem nenhum incentivo o rapaz começou a falar.
-Pode começar a anotar viu moça,meu nome é Juan com j mesmo que é pra ter sotaque espanhol.Eu trabalho naquele galpão onde produz café,a senhora sabe onde é? Então hoje de manhã quando eu vim trabalhar,bati o ponto,o chefe não tinha chegado ai eu sai pra poder esparecer,fumar meu cigarro e fui parar naquela viela. Quando eu fui jogar a bituca ali vi que tinha um corpo,de inicio achei que era alguém ferido mas não morto chamei a rapazeada da fábrica e a gente tirou o corpo dali foi quando ele não respirou ai chamamos a policia.
Ele parou para beber um gole do café forte e provar o pão com manteiga.
-A policia chegou uns vinte minutos depois e começaram a me perguntar um monte de coisa ai foi quado a senhora me encontrou.


Ana pagou o café,agradeceu a Juan e se levantou,aquele caso havia interessado a bastante.Iria descobrir o que aquele homem foi fazer ali na quinta feira de noite,solucionar o caso e ainda ser promovida.Deu um sorriso presunçoso enquanto corria pra tentar chegar na estação de trem.
Continua.....

Ana chegou atrasada ao trabalho naquele dia,o trem que ela pegava todas as manhãs demorou a passar na estação em que estava.Quando saiu de sua cidade natal nunca imaginou que sua vida seria assim tão corrida,trabalho-faculdade,faculdade-trabalho,mas também tinha o lado bom,ter conhecido as meninas.Elas dividiam o apartamento e com o tempo se tornaram melhores amigas apesar das diferenças entre si.Ana era uma baixinha de cabelos curtos pretos e curvas bem definidas,Mayara era uma modelo loira com olhar infantil e Allie era uma ruiva com sardas por todo o rosto.Era difícil imaginar uma modelo,uma jornalista e uma fotografa sendo melhores amigas,mas elas não se importam.Todas as manhãs Ana sai pro trabalho,enquanto Mayara vai pra academia e Allie pro curso,o trem seguia seu caminho permitindo a Ana pensar em tudo isso.Seu editor não iria gostar desse atraso dela pra ele a pontualidade define o profissional,ela não era uma de suas jornalistas mais queridas.


O celular dela tocou,era seu editor pedindo que verificasse uma denúncia de assassinato na região dos armazéns.o corpo fora encontrado lá mas segundo os legistas o crime foi cometido em outro lugar.Ela disse um ok e ficou pensando em quanto tempo ainda teria que fazer trabalhos desse tipo antes de ser promovida,  desistiu dos pensamentos negativos e tirou o bloquinho  bolsa. Anotou tudo o que disse o editor e quando releu automaticamente lembrou do homem do trem.Puxa porque justo naquele dia ela não reparara nas pessoas ao seu redor,o que sabia sobre ele?Era alto e descera na mesma área onde fora encontrado o corpo.Mas tinha o fator dos dias,ela não sabia se fora na mesma época.Ana quis apressar o trem para poder descer na outra estação e tomar o bonde para aquela região.Olhava no relógio de segundo e segundo pra ver se o tempo passava mais rápido,porém as vezes o tempo não quer cooperar.
Continua...

O rapaz alto que sentara do lado de Ana no trem se levantou na parada próxima aos armazéns apesar do lugar estar deserto aquela hora.Ana não reparara muito nele por estar cansada,sua cabeça estava longe daquele trem.Ele se levantou e saiu do trem em direção a noite escura ignorando os comentários da senhora sentada no banco da frente.Adentrou nas ruas sujas esperando que o trem se afastasse par que assim pudesse continuar seu caminho,atravessou cuidadoso de que ninguém o visse e parou numa porta velha de madeira podre que se misturava a parede úmida e descascando.Bateu na porta por três vezes seguidas,de um jeito que poderia ser confundido por mero descaso mas que para ele tinha um significado diferente.Uma moça com os cabelos presos num coque no alto da cabeça e vestindo uma camisa três números maior que ela abriu a porta,ela e o rapaz trocaram algumas palavras antes que ele entrasse no galpão.Lá dentro era escuro até mesmo para os olhos dele que levaram alguns segundos pra se acostumar,quando pode enxergar notou uma mesa onde alguns homens jogavam buraco,a mulher que abriu a porta esquentava um chá no fogão improvisado.Mas ele estava ali pra falar com o que estava sentado de costas pra tudo,olhando pela única janela que tinha no local,se aproximou dele para que pudessem falar e pode observa-lo melhor,cheirava  cigarro e o mais estranho de tudo em uma das mãos tinha uma xícara de café e na outra um livro.Ao notar sua aproximação o que estava sentado parou de ler e disse ainda olhando pela janela:
-Cumpriu o combinado?


Continua.....

Vitória


Sentada no chão do quarto você até diria que ela está bem, saudável, maravilhosa. É o que ela quer que todos pensem, porque pra moça que nasceu com nome de vencedora perder é o pior pesadelo. O que diria ela ao pai que sempre cuidou dela, e os amigos o que pensariam,e aquele carinha da lanchonete o que acharia dela? Vitória voltava pra seu pote de sorvete e o devorava, porque não há mal em comer um pote de sorvete inteiro sozinha desde que seja de baunilha, teoria estranha essa não?
O sorvete acabara mais rápido que o imaginado,deixando uma menina lambuzada e um pote vazio no chão.Convido vocês a olhar ao redor e ver os pôsteres de uma banda,do ator que fez Hércules em algum filme e de uma coruja.Um mural com várias fotos coladas por imãs em formato de melancia, um guarda roupa,uma cama bagunçada e uma escrivaninha desorganizada. Atrás da porta perto dela uma porção de medalhas,de uma campeã nata em olimpíadas,não aquelas que envolvem os músculo se sim as da inteligência.
Diferente de mim e de você a garota chorava quando via as medalhas e tudo por causa de uma ideia.Vamos entenda,ela soletrou a palavra errada e acredite se quiser perdeu.Vitória olhou pra coruja e voltou a chorar,como ela que sempre ganha fora eliminada assim?Como?O que pensariam dela agora que não era mais tão boa assim,o que pensariam da menina que errou uma palavra boba dessa.O QUE PENSARIAM?
Vitória chorava.Assim como eu e você se estivéssemos na situação dela. Porque no fundo todos nos preocupamos com o que vão falar e pensar de nós e dessa forma deixamos de viver, de nos aceitar.Simplesmente deixamos. Fico triste por ela,tão nova...Ah que hipocrisia a minha me desculpe também você que assim como eu também se preocupava com o que falariam de nós.Ora,me desculpem todos vocês.

Os mimos de Isabela

Ela estava assistindo televisão,passava o filme de uma garota que se apaixona por um cara e logo depois descobre que ele precisa de um transplante de fígado o que faz a garota ficar desesperada tentando o salvar.O tipo de filme perfeito para a sonhadora Isabela.Tão doce que chega a enjoar,tão delicada que parece um cristal:quantos garotos queriam namorar com ela?Nem ela sabe ao certo,mas nenhum era bom o bastante,eles era fáceis demais para Isabela.
Segura de sal adorável beleza e de seu carisma ela não se importa em ser,como dize “difícil”.Ah,ela gosta de ver tantos rapazes ligando perguntando se ela quer sair,gosta de receber presentes,gosta de se sentir desejada.Tão vaidosa a menina.Vejo que o leitor já morre de amores pela pequena,enquanto a leitora começa a odia-la.Isso,isso muito bem.Assim quer Isabela fazer da vida um grande filme em que só Deus sabe o fim,quer intrigas,quer romances impossíveis, quer choro,drama(...)A leitora impaciente diz que não é assim que se vive,o leitor deixa Isabela viver como quer.Mas eu me cansei sabe?Cansei de servir de intermédio pra ela conseguir o que quer.Te vira Isabela,deixa de ser mimada.
E ela gostou?Tal o que ela me expulsou disse eu não precisava mesmo de mim e começou a chorar,e eu tive pena quis voltar pra consolar aquele rosto choroso de porcelana,quis dizer “Não chora,moça,não fica assim.”.Mas não voltei.Segui porta adiante pra longe dos encantos dela e me pergunto todos os dais se fiz a escolha certa só pra ouvir a mesma resposta e um cantinho bem bobo da minha mente:Não sei.Não sei se fiz bem deixar Isabela tão sozinha apesar de todo mundo,se fiz bem e a ajudei a crescer.
A leitora meiga como Isabela reclama,diz que quer final feliz.O leitor para de ler na parte em que falei dos defeitos da menina.A leitora impaciente mas que leu até o fim diz que foi bem feito pra ela.E eu,leitores,eu vivo pro ai sem querer assistir filmes de amor.


A impulsiva Daniela


Daniela come as unhas de nervosismo enquanto a professora anda pela sala encarando cada aluno de um jeito especialmente cruel. Ela não devia ter agido daquela maneira, mas como diz sua mãe não adianta chorar pelo leite derramado. Eles vão descobrir que foi ela, sempre descobrem e dessa vez é ainda pior porque fora livrada das outras vezes. Seu rosto suava assim como as suas mãos que nervosas e desajeitadas mexiam em um lápis, as unhas corroídas parecia ferir a palma se pressionadas com força como ela estava fazendo. Perceberão e ela tem certeza disso, já pensa no que vai dizer a mãe e em como encarar a decepção nos olhos opacos do pai, em sua mente ela tem centena de justificativas, mas sabe que nenhuma irá funcionar porque eles a conhecem e sabem por que age assim: impulso.


A última vez fora a menos de um mês e a diretora havia perdoado-a, mas tanto havia mudado desde então, ela não conseguira cumprir a promessa de controlar seus impulsos, iriam manda-la para um internato que corrigisse pessoas com falhas no caráter. Mas o que fez Daniela de tão mal? Ah, estranha essa pequena. Sempre sabe a hora certa pra fazer a cosia errada, consegue tirar do sério até o mais calmo dos seres vivos. Age sem pensar, só sente e foi assim como pra provar sua teoria que ela fez um experimento: aplicou as técnicas de luta, aprendidas observando o irmão treinar, na colega não tão santa, mas que não merecia sentir a força do punho de Daniela. A menina não contaria nada por medo, mas eles iriam descobrir e ela seria castigada.Não pensou a pequena e se meteu em encrenca.Ah Daniela te controla menina,teus desejos,tuas vontades,te controla.

Leila e seus medos


Leila atendeu ao telefone com uma pressa desconcertante, o que deixou seu interlocutor tímido para falar  o que queria.Ela tinha esse efeito de deixar as pessoas com medo,afinal ser uma poderosa executiva teria consequências. Sempre ora boa com as palavras mas naquele dia ela estava com mais pressa que o habitual e mal esperou as frases gaguejadas de Jorge chegarem do outro lado da linha disse que iria com ele.Não tinha tempo e paciência pra perder.Desligou e apertou o botão do elevador,ela queria descansar um pouco e talvez sair com Jorge ajudasse,o elevador chegou trazendo com ele uma moça de olhos azuis escondidos pro trás de um óculos e pela primeira vez depois de um tempo Leila sentiu-se intimidada por alguém e imaginou se ela causava isso nas pessoas.Seus olhos não era tão azuis e profundos mas ela tina presença e seu rosto tinha sempre uma expressão séria.O
habitual silêncio do elevador foi substituído pela voz da moça,ela falar algo sobre claustrofobia e Leila não entendera até perceber que o elevador tinha parado.A moça de olhos azuis se sentou no chão e ligou pra alguém mandando desmarcar uma consulta,ela encarou Leila por muito tempo antes de perguntar:
-Porque você quer causar medo nas pessoas?
Pegou Leila desprevenida e chocou a contra a parede como uma pancada.Ela sempre achou que medo era bom,que todos a respeitariam por isso,teria o que quisesse se tivessem medo dela e isso seria maravilhoso para uma executiva. Mas a moça de olho azul deixara uma dúvida em sua mente,o motivo real dela querer isso:afastava as pessoas dela.Porque ela poderia meter medo em qualquer um só para fingir que os medos dela tinham desaparecido,para se afastar das pessoas,não ser magoada e não sofrer.Leila era uma medrosa que nunca parara pra pensar nisso,com uma sacudida ela percebeu que o elevador estava funcionando e a mulher de olhos azuis estava quase chegando ao seu andar.Antes de sair ela se virou pra trás,pra Leila e disse:
-Você precisa ser corajosa.
E Leila sorriu amargamente,Ela seria corajosa,prometeu a si mesma.

O problema de Alice


Os planos de Alice ultrapassam a lógica,e não fazem nenhum sentido para qualquer um que viva fora da cabecinha dela.Era de se esperar que ela tivesse problemas,os pais acreditam
nessa hipótese,os parentes fingem que ela não existe,os colegas ignoram o que ela diz.Mas ela não se importa porque sempre soube que ninguém a entenderia,não  se incomoda,não se deixa atingir é simples mas não fácil.Qual o problema da garota me pergunto eu,se pergunta você e toda a Índia. Ela nasceu esquisita,se é que você me entende,sempre conversando sozinha,enxergando demais,rindo de piadas que ninguém contou. Pobre Alice sofreu tanto por acreditar nos seus sonhos mais loucos,aqueles que todo mundo tem e enterra debaixo das preocupações e de todo o resto.
Mas não Alice,com seu jeito todo atrapalhado ela acreditou:que o Papai Noel existe,que os sonhos podem virar realidade,que a fada madrinha viria ajuda-la,que os animais falam.Ela respeitou calda todos aqueles que riram e a chamaram de louca,porque uma coisa ela sempre fez:respeitou aqueles que discordavam dela,não importando o quanto eles poderiam ser agressivos e cruéis.Porque Alice é exemplo de tudo,de garota,menina,mulher e ser humano, ela acredita,ela corre atrás,ela respeita aqueles que pensam diferente, ela não se deixa atingir pelas criticas maldosas.Ah Alice queria ser como você,queria não ter desistido dos meus sonhos,mas não sou.Nem eu,nem você,nem todos aqueles que se perguntaram qual era o problema dela,respondo eu agora:O problema de Alice é acreditar.

A busca de Carolina


Carolina gostava de correr riscos,de sentir a adrenalina correndo por suas veias, o sangue pulsando de seu coração.Ah Carolina tão doce e tão frágil menina que aprendeu a ser forte e conquistar aqueles ao seu redor. Surpreendeu a mãe ao decidir morar sozinha com dezesseis anos,desapontou o pai ao abandonar a faculdade no segundo ano,chocou a família quando começou a namorar com professor de história dez anos mais velho que ela.        
 
Sempre instável,sempre em frente,sem parar pra pensar,difícil convencer essa menina a se aquietar em um canto casar e ter filhos.Ela não se importa com isso,vive feliz com suas maluquices e seu jeito de desvairada.Sorri ao pensar em sua vida,não que ela esteja velha longe disso:Carolina vai estar sempre jovem.Sozinha com seus  livros,chás,CDs,filmes e papéis,muitos papéis ela pensa em como deve ser encontrar o verdadeiro amor. Não deu certo com o professor de história,nem com o cantor de rock,o pintor,o escritor,o bibliotecário (...) Não deu certo com ninguém.                                                                                                         
 
Mas não pense você que ela desistiu,ela continua na sua busca instável e constante do verdadeiro amor que aparece do nada,ela continua se apaixonando por professores e escritores e divide um pouco de sua cultura, compartilha suas ideias,suas maluquices filosóficas.espera,não sentada porque assim cansa mais depressa,se mantém em movimento,descobrindo, aprendendo(...) Para quando seu grande amor chegar ela estar pronta e não querer mais fugir por ai atrás de um trapezista do circo.Porque Carolina acima de tudo e de todos acredita no amor,ela tem fé.E ao amor,ah esse um dia vai achar Carolina comendo croissants numa padaria em Paris.

Maria e suas tolas preocupações


Certa manhã Maria olhou para os lado na sua cama e não o viu.Sentiu uma sensação terrível subir por dentro de si,o que teria acontecido com aquele ao qual ela entregara seu coração?Teria ele fugido do conforto da sua cama,do cheiro do seu perfume,dela?Assustada
levantou-se e começou a procurar um bilhete,uma evidência qualquer de que ele
não teria fugido,ou sido sequestrado pobre Maria se preocupa com tudo,até um
simples ofegar em uma ligação telefônica causa nela pânico.
Encontrou uma xícara com café frio em cima da mesa,e um cigarro apagado as pressas no cinzeiro,nada de bilhetes ou recados na porta da geladeira.Nada.E o aperto no peito dela ficou mais forte,virou dor física,latejava como se veneno corresse em suas veias.Sentou na cadeira onde era provável que ele tivesse se sentado,pode sentir aquele cheiro de café,cigarros e chocolate quente que o acompanhava e respirou profundamente tentando aspirar a presença dele pra si. Encher-se dele para que não pudessem ser separados.
Maria quis vê-lo, senti-lo.Amaldiçoou a falta que ele faz,amaldiçoou-o por não estar ali:ela estava brava.O cheiro dele a perseguira até a sala onde ele supostamente estivera
lendo um livro e largara este entre aberto em uma página qualquer.Sentou-se no sofá e abriu o livro,sorriu para si ao perceber que ela estivera falando sobre aquilo na noite anterior:amar a si próprio para poder amar melhor alguém.Desculpou-se com o vento,talvez ele merecesse uma chance antes de ser julgado.
Imaginou o sorriso dele, a sensação da sua barba passando pelo rosto dela,o aconchego de seus braços(...)Desejou e desejou com toda sua força que ele estivesse ali afinal pra onde ele foi mesmo?Estava quase sentindo seus lábios nos dela quando percebeu que a porta se abrira.Abriu os olhos espantada e olhou com curiosidade aquele parado a sua frente.Calça jeans desbotada e talvez um pouco suja,uma camisa branca desgastada,um tênis surrado, rosto sereno,cabelos castanhos,sorriso de meia boca que iluminava o ambiente.Ela ia perguntar onde ele estivera quando ele tirou as mão de trás do corpo e revelou o embrulho:um
livro.Olhou pra ela com os olhos se desculpando mas mantendo o sorriso na boca
e disse:
-Feliz aniversário!

Luiz Vaz de Camões


Transforma-se o amador na coisa amada

Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,

Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,

Que mais deseja o corpo de alcançar?

Em si somente pode descansar,

Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semidéia,

Que,como o acidente em seu sujeito,

Assim como a alma minha se conforma,

Está no pensamento como idéia;

O vivo e puro amor de que sou feito,

Como a matéria simples busca a forma.

Os olhos dela eram de um profundo doloroso,estavam sempre indagando alguma coisa,querendo saber a razão e o motivo,curiosos por detrás dos fios de cabelo que caiam sobre eles.E aqueles olhos agora olhavam pra ele questionando,mas ele sabia que não seria fácil:estava preparado para tudo menos o que ela falou.
-Você está feliz?
Preparara-se para um ‘porque você não me ama mais’ ou vários porquês seguido de choro,mas tudo seria melhor que isso. É claro que ele a amou,mais do que a si mesmo se é possível, foram felizes e eternos no seu tempo, dividiram temores,medos,amores. Mas desgastara, perdera o brilho,a vontade,o desejo: era água parada. Ele queria mais que isso. Queria conhecer tudo e um pouco mais,ter lembranças,memórias,ter um pouquinho de cada pessoa que o cativasse.Querer mais é errado?Mas e ela,tão bela e distante na sua mascara de autocontrole e olhos profundos.O mundo dela era aquilo, viver um dia de cada vez,sem pressa apenas viver,aproveitar cada dia como o último, amar coma intensidade de uma última vez e a surpresa de uma primeira:ela só queria ser ela mesma.Livre.

Ele olhou naquele rosto tão controlado e imaginou que talvez fosse a última vez que o visse,memorizou cada detalhe desde o pequeno levantar de sobrancelhas,a boca bem controlada,os cachos escuros que caiam pelo ombro,e os olhos.Aquela piscina onde ele se afogara tantas vezes,ele nunca a esqueceria,seus olhos o acompanhariam em qualquer lugar.Abiu a boca numa tentativa de dizer tudo a ela,mas apenas balançou a cabeça e se curvou numa despedida tão formal que não combinava com eles.Deu as costas a ela e ainda pode sentir aqueles olhos o observando se afastar.

Gabrielli
To convidando todo mundo pro chá.Aquela eu boba que sonhava com principes encatados,a realista que não acreditava em mais ninguém,a sonhadora que adora fazer amizades e festas,a escritora que as vezes pode parecer paranoica,a feliz que aparece de vez em quando só pra dar um brilho nos dias(...).As tantas partes de mim,que chegam a me deixar confusa!ter a oportunidade de ficar de frente pra cada uma delas e agradecer por ter me ajudado a crescer,a ver as coisas de um jeito diferente,a fazer novos amigos e guardar os verdadeiros,dizer um imenso obrigada por tudo.Meio delirante,eu sei,mas as vezes a gente se pega pensando em como a 3 anos atrás achava o fulaninho bonito e hoje não acha mais, como aquela garota era insuportavél e hoje virou a louca da sua melhor amiga.Porque acaba sendo tudo tão rápido se formos olhar pra trás,até os momentos mais dificéis acabam passando e eu tenho medo de não tá fazendo valer a pena,de não ta deixando a minha marca nas pessoas,eu tenho medo!E eis que aquelas eus do passado passaram por tanta coisa que hoje eu me vejo mais forte,ainda com medo,só que com força de vontade pra tentar.E tentar mais uma vez e prosseguir tentando. 


Gabrielli
Onde foi que a gente se perdeu em?Nas conversas sem sentido ou nos olhares vagos?Me explica como viemos parar aqui,desse jeito;de frente um pro outro sem falaras,sem ouvir(...)Em que parte da estrada ficaram aquelas duas pessoas sorridentes que adoravam a companhia um do outro?Pode sentir esse vazio?Essa ausência que vai destruindo a gente aos poucos,uma vontade de presença,de amara com aquela intensidade,de sentir de novo(...)Viramos água parada,sem sal,sem açúcar,sem gosto;não precisamos mais um do outro e nossa felicidade não se resume mais em estar juntos.VocÊ quer se mexer,quer ir ali comprar um cigarro enquanto eu quero ver o último capitulo da novela,desgastamos o que nem ao menos vivemos.Nos resumimos agora a dois desconhecidos.


Gabrielli
E eu desapareço,só pra reaparecer umas duas semanas depois porque não aguentei de saudade, não suportei a vontade.Assim,aos pouquinhos,eu vou voltando pra toda essa vida de corajosa que enfrenta os próprios medos(...)o caminho de volta é mais longo,mais cansativo, dá mais vontade de voltar e fugir: se esconder dentro de casa.Mas não dá,a gente tem que viver por não saber quando acaba;nosso tempo aqui não ilimitado,vai ter um fim,ai acabar....um dia espero eu.E até lá coragem vai fazer bem,abrir a porta e sair pra viver,quebrando a cara no caminho porque a gente nunca vai aprender tudo,afinal a vida é um constante aprendizado.


Gabrielli Silva

Palavras de Quintana


Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar! 
Pobre vida que toda depende
De um sorriso.. de um gesto.. um olhar...

        Mário Quintana         
    

...Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. 
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela... 
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ... 
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável... 
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples... 
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom... 
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você... 
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..." 
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso... 
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais... 
Enfim... 
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos 
todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito... 
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas 
as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Mário Quintana