sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Sobre um mês atrás e divagações

Continuo conversando com você na minha mente. Depois de tanto tempo juntos virou um hábito te contar qualquer coisa que me aconteça. Mas é estranho como tem umas coisas sobre mim, antigas até, que você nunca soube. Por exemplo que eu sinto vontade de chorar quando ouço a música da abertura de Dragon Ball GT, besteira eu sei, mas você nunca soube. Faz você pensar não é? Por mais tempo que a gente passe com uma pessoa ainda podem haver coisas sobre você que essa pessoa desconheça. É aquele ponto de que ninguém nunca vai saber tudo sobre você, mas ao mesmo tempo entra a ideia de que amar alguém seria não ter mais que se esconder, que manter para si mesmo tantas coisas. Enfim, eu continuo te contando as coisas, de uma maneira diferente de quando a gente conversava. Você se tornou uma espécie de psicólogo que sempre faz as perguntas ideais para que eu possa continuar com a minha história. Você se tornou o ouvinte ideal, e não humano. Uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer. Na tentativa de não enlouquecer decidi escrever. Ter esses diálogos com um leitor imaginário, alguém que eu desconheça e que eu possa inventar tranquilamente. Alguém de quem eu não sinta tanta saudade. O problema é que eu não sei como começar, com você a conversa flui fácil, até o você imaginário. Enfim eu queria te contar  que assisti um filme maravilhoso, Medianeras, um filme argentino que fala sobre solidão e amor e um monte de outras coisas nessas era virtual. Ameio o filme. Você provavelmente não ai gostar, parado demais, meio cult, nada a ver contigo. Mas a música que toca em um momento do filme, True love will find you in the end, me lembrou de uma conversa que tivemos sobre amor em que você falava das suas experiências amororsas e eu dizia o quando eu achava o amor algo raro. E  você deu risada me chamando de romântica incorrígivel. No fim eu sou assim mesmo, tenho um pouco do romantismo do século XVIII,  aquela geração do mal do século. Tenho uma crush nesses românticos tristes e desesperados, nos beat poetrys. Você nunca entendeu muito bem isso. Seu romantismo sempre foi recente, você usava das músicas, das frases prontas, livros nunca foram sua praia.  Não me importava. Não me importo na verdade, gostava de te falar essas coisas, te explicarTrue love will find you in the end, me lembrou de uma conversa que tivemos sobre amor em que você falava das suas experiências amororsas e eu dizia o quando eu achava o amor algo raro. E  você deu risada me chamando de romântica incorrígivel. No fim eu sou assim mesmo, tenho um pouco do romantismo do século XVIII,  aquela geração do mal do século. Tenho uma crush nesses românticos tristes e desesperados, nos beat poetrys. Você nunca entendeu muito bem isso. Seu romantismo sempre foi recente, você usava das músicas, das frases prontas, livros nunca foram sua praia.  Não me importava. Não me importo na verdade, gostava de te falar essas coisas, te explicar.  Mas você ficava me zoando, eu ria e no fundo bem no fundo incomodava. Acho que nunca te disse isso. Tem muitas coisas que eu não te disse na verdade. 
Nunca falei que não gostava muito de algumas músicas que você me mostrava. Sempre fiz a linha que adorava, até eram boas, mas não meu estilo. Prefiro aquele estilo romântico estranho algo entre "i wanna be your vacuum cleaner" e "i'm just a white blood cell fighting like hell for you". É estranho eu sei, apesar de também ser extremamente romântico. A gente era diferente nisso, mas dava certo. Eu adorava ouvir as músicas que você mandava, descobrir do que você gostava. Acho que a recíproca era verdadeira também, dava certo por causa de todas as nossas coisas em comum que compensavam. As vezes me pego pensando em que ponto parou de dar certo e aí lembro de um texto que li uma vez e dizia que não é porque um relacionamento acabou que ele não deu certo e que é extremamente importante não focar só nas coisas ruins. Ser positivo.  Fugi tanto desse assunto fico falando de coisas sobre você quando na verdade queria falar de mim, falar de mim com você que não é exatamente você. Te contar da queda que eu tomei deslizando de meia pela casa. Te contar que fiquei preocupada em não ter tomado a decisão certa em alguns aspectos da minha vida. Te contar que eu senti medo, bastante medo. Te falar da série que eu assisti. 
Por exemplo, eu li um livro muito legal que falava sobre o poder das palavras e tinha vários plottwist, foi sensacional. Eu queria fazer compras sabe, queria comprar uns livros que to enrolando desde o inicio do ano. Queria um coturno e umas blusas novas. Queria a coragem de fazer uma dieta, de voltar pra academia. Fiz tantos planos cara, queria colocar todos eles em prática. Eu queria também ter criatividade e inspiração pra desenvolver metade das ideias que eu tenho, queria escrever melhor e colocá-las no papel. Queria não cansar na página dois. Você vê, eu quero tantas coisas. Sofro de urgências, de querismo. 
As vezes (nunca sei se" as vezes" leva crase) lembro do antigo sonho de ser escritora e penso que poderia num futuro talvez lançar alguma das coisas que escrevo, de maneira independente talvez. Acho que no fundo queria que alguém lesse e se identificasse ou como diz Caio "queria que alguém gostasse de mim por algo que eu escrevi". Mas aí eu penso que teria que escrever algo melhor de tudo que já fiz e não sei se seria capaz, porque na verdade eu não sou tão boa escritora assim, acho que fico muito mais próxima do ruim talvez o regular. Queria escrever um livro tenho tantas ideias legais, não consigo escrever mesmo nenhuma. Crônicas?  Poemas? Nada, acho talvez eu queira demais e queira tanto que na verdade não consigo. É irônico de uma maneira macabra. 
Tenho uma dificuldade imensa em me concentrar. Escrevo enquanto assisto uma série. Pinto a unha assistindo filme. Viajo quase sempre em linhas desconexas quando tento prestar atenção em sociais. É difícil, tentei estudar e quando vi estava pensando em qual status poderia colocar. Sem sentido, eu sei. Tão distraída que perdi a ideia desse parágrafo, não lembro o que queria escrever ou o que pretendia dizer. Não lembro mesmo. Acho que perdi o próximo best-seller desse jeito. Agora mesmo estou escrevendo e ficando confusa porque tá tocando uma música que eu gosto bastante e adoro as frases quotáveis dela: "you can say my life is a mess, but i still look pretty in this dress"... Reticências porque não faço a mínima ideia de como continuar.
Você sempre me disse que era tímido e eu achava isso o máximo, tornava a gente tão igual sabe. Quando você se afasta, vê as coisas com clareza e foi ai que eu percebi que na verdade você não era tão tímido assim. Era até bem popular na verdade, nunca chegou perto de entender o meu nível de timidez (sejamos sinceros, meu nível é algo quase surreal), isso faz você pensar. Tudo, na verdade, me faz pensar. Fiz um teste e o resultado falava que eu faço parte de um grupo que corresponde a 1% da população, isso é engraçado faz com que você se sinta rara e exclusiva, mas é triste. Apenas uma parcela minúscula de todas as pessoas do planeta conseguiriam me entender, e eu sei que isso é botar fé demais num teste e que talvez ninguém vá conseguir me entender, mas é difícil imaginar que eu sempre vou me sentir assim: partilhada. Uma parte dos meus amigos entendem uma parte de mim e assim por diante. As vezes nem sei quem eu sou por inteiro e as vezes sempre isso me deprime e faz questionar minha sanidade. As vezes nunca sei em que ponto acaba a frase.