segunda-feira, 24 de junho de 2013

Me dei uma folga. Não aguento mais essa pressão de todos os lados e para todos os sentidos. Você precisa arrumar um namorado. Você precisa passar no vestibular. Você precisa fazer amigos. Você precisa ser mais social. Você precisa tirar notas melhores, ser mais bonita, ser mais divertida, curtir a vida. É tanto você precisa que tá faltando o que EU preciso ai. Não alguma coisa determinada por outra pessoa mas escolhida por mim, por exemplo: preciso de férias, preciso dormir, preciso assistir Somos Tão Jovens, preciso acompanhar Sobrenatural, preciso ter dinheiro pro Festival de Inverno. Poxa tem tanta coisa que eu quero fazer por mim, não pra agradar ninguém, isso não significa que eu não precise passar no vestibular ou coisas assim é só que bem eu sei que preciso não precisa ninguém repetir. O que eu realmente preciso é de tempo, tempo pra fazer o que eu quero e o que é exigido de mim. Precisa'se de mais tempo, se você estiver vendendo horas, dias ou meses por favor deixe seu telefone, prometo pagar bem.
Abandonei certos costumes, deixei tanta coisa de lado nessa história de me adaptar que só agora percebi o quanto estava vazia. Acumulei coisa demais creio eu, tem tanta coisa que você não sabe mais de mim. Por exemplo, teve aquela vez, alguns meses atrás em que eu daria tudo por um ombro amigo, e aquela em que eu só queria que todo mundo sumisse. Entendo pra você isso não é uma mudança real. Mas vamos lá, se esforce, pense comigo, qual o seu papel nisso tudo? Nenhum. Isso mesmo, se surpreenda nenhum. Mudei sozinha, por conta própria. Virei solitária no meio de um monte de gente, desconhecida quando tantos dizem me conhecer, anônima quando sempre quis quinze minutos de fama. Continuo aqui sendo tola e esperando só pra não perder o costume, porém não espere você encontrar a garota de antes, às vezes acho que ela morreu e agradeço por isso. Muitas outras vezes, entretanto, sinto um vazio tão grande aqui no peito, que tenho quase certeza ser de saudade. Saudade de acreditar que as coisas poderiam melhorar, acredite ou não saudade de você por ser simplesmente você, saudade de mim. Sinto tanto e também não sinto, nem 8 nem 80, nem tão nem tampouco. E você, tolo, ainda acreditando que não mudei?

quinta-feira, 20 de junho de 2013


Esse video foi para outro trabalho de literatura objetivando falar sobre o Livro Navio Negreiro e Outros Poemas de Castro Alves

Fizemos esse trabalho para a matéria de literatura e o objetivo era falar sobre Dom Casmurro e algum conto do livro Várias Histórias, a gente escolheu o Alienista.
PS: Eu sou a repórter.



Música sem nome- Tópaz




Eu tive sorte, eu tive azar
Tive motivos pra acreditar
Que existe gente com medo de arriscar
Eu tive sono quando eu dormia
Tive amigos que não queria
E inimigos que ainda quero bem
Mas como você eu nunca tive ninguém
Mas como você eu nunca tive ninguém
Eu tive tempo, eu tive prazos
Fiquei com medo de estar errado
E hoje vejo o "certo" atrasado
Tive traumas irreparáveis
E uma alegria irretocável
Que espero manter daqui pra frente
Mas como você eu nunca tive ninguém
Mas como você eu nunca tive ninguém
Aahhhhh...Aahhhhh...Aahhhhh...Aahhhhh... (2x)
Na minha lista de convidados
O tempo não entra sem presente
A festa é minha
Eu faço o que eu quiser
Expulso o futuro e passado
Mas como você eu nunca tive ninguém.
Mas como você eu nunca tive ninguém.
Eu tive sorte, eu tive azar.
Tive motivos pra acreditar (Mas como você...eu nunca tive ninguém)
Que existe gente com medo de arriscar
Eu tive sono quando eu dormia
Tive amigos que não queria (Mas como você...eu nunca tive ninguém)
E inimigos que ainda quero bem.
Esses dias eu pensei tanto que minha cabeça parecia perto de uma explosão, acabou passando mas a sensação ficou. Ficou a ideia de que basta uma coisinha besta de nada para a gente explodir, que o ser humano é tão efêmero e quão pouco significante passamos a ser. Porque uma hora tudo isso acaba e as pessoas não lembrarão nossos nomes a não ser que sejamos parte da história, que façamos história e o quão difícil é isso nessa sociedade do facebook e da comodidade. Acaba sendo tudo tão previsível sabe, ou talvez seja só eu  em crises de identidade, no fim eu não sei de nada porque se soubesse convenhamos, já teria ganhado bastante dinheiro. Mas a questão é que tudo um dia vai passar e imaginar o futuro é complexado e doído, porque no fim das contas quem garante que você estará lá?
Ouvindo esses dias uma amiga na dúvida se era amor ou paixão lembrei de você. Pois é eu sei, totalmente sem lógica.Mas é que se pararmos pra pensar depois de você os outros foram só os outros, aliás não tinha alguma música sobre isso? Acho que sim. De qualquer forma eu estava pensando e tal que a nem teve nada entre a gente se você não levar em conta algumas brincadeiras bobas de vez em quando, mas é que você foi tanto. Foi o primeiro garoto pelo qual eu chorei, o primeiro que realmente significou alguma coisa pra mim, que me iludiu mesmo sem querer, me fez sentir mais ciúmes do que eu seria capaz de imaginar, em qual eu também fiz ciúmes. Foi o único do qual eu não me afastei, o único que era mas do que um "colega" você sempre foi um amigo maravilhoso. Até hoje eu sinto sua falta quando ficamos sem conversar, transformei todo aquele sentimento em amor de irmão, em companheirismo ou pelo menos acredito nisso. O importante é que acho, você foi o primeiro que amei, de verdade. Não só uma obsessão maluca ou paixão sem fundos reais. Não pense que isso é uma recaída ou algo assim, Deus me livre, mas é que por causa de tudo aquilo eu cresci tanto que depois de você meu bem os outros foram só os outros.
Faz um bom tempo que eu não escrevo, ou ao menos nada que valha a pena ser lido. Não sei se por falta de tempo ou de sei lá um quê de alguma coisa, oque importa é que a vida agora está se resumindo em avalanches. Turbilhões de preocupações, de sentimentos, de problemas, de soluções, de cansaço, em suma uma catástrofe natural. Natural porque é de se esperar que eu esteja desesperada com o vestibular, que eu queira fazer amigos, sair, tirar boas notas, contentar meus pais, lidar com pressão, é tudo completamente natural. Mas veja, é ai que mora o problema. Para mim não é natural, alguns meses atrás eu estava desesperada com a possibilidade de entrar num colégio novo e agora estou desesperada com a ideia do vestibular e do ENEM, uns meses atrás se você me dissesse que o brasileiro estaria indo a luta pelos seus direitos eu não acreditaria. Tem tanta coisa que antes eu não acreditaria e hoje parece natural, natural demais. Poxa eu não to reclamando nem nada é só que as vezes a gente precisa desabafar, precisa de alguém que entenda as complexidades de uma mente estranha e não te ache esquisita, alguém que perceba as coisas e você não precise falar, alguém, não sei, tipo aqueles amigos ou namorados que só de olhar já percebem que você não tá bem? Acho que é isso, não que eu esteja mal ou qualquer coisa assim, é só que eu preciso de atenção até demais. Preciso ser ouvida e fazer sentido pra alguém. No fundo deve ser só carência e ter que estudar demais, espero que no fundo seja só isso.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Eu, etiqueta

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome noco é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.