quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Marianne nunca tivera dúvidas de sua beleza. Seus traços delicados, os cabelos castanhos caindo por suas costas, os olhos verdes distantes, as bochechas rosadas, sempre fora bela. Quando crescera e seu corpo se desenvolveu percebia os olhares dos homens quando ela passava na rua e não demorou a arranjar seus namoradinhos, mas agora tudo era diferente. Ele era diferente. Se conheceram algumas semanas antes, ele era um dos novos auxiliares do seu cursinho. Cabelos e olhos pretos, musculoso e com um sorriso de derreter corações. Ela não podia dizer se ele realmente a ajudava nas aulas ou mais fazia atrapalhar. Conversavam sobre funções, equações, porcentagens e também descobriram outros assuntos. As conversas acabaram se tornando mais pessoais e menos sobre matemática, podia começar na aula e terminar num barzinho, num cineminha, numa lanchonete, no shopping. Numa sexta ela convidou ele pra ir até o apartamento que dividia com uma amiga, a moça viajara confessou ela e tinha medo de ficar sozinha ele podia lhe fazer companhia pelo menos até umas dez horas, podiam pedir uma pizza quem sabe. Para surpresa dela ele aceitou, conversaram até de madrugada e na semana seguinte o assunto rendeu. Na última sexta chamara o para visita-la de novo, a amiga viajaria para encontrar os pais dissera e ele riu mas prometeu aparecer. Ela preparara-se para este encontro, podia se dizer apaixonada e jurar que ele sentia o mesmo, por isso o tempo desperdiçado no espelho tinha de estar perfeita. Os cabelos caiam sobre seus ombros, uma suave cascata cor de chocolate, os olhos verdes brilhavam de excitação enquanto as bochechas coravam rosadas. Quando abriu a porta para ele quase caiu para trás, não importassem quantos dias se passassem ainda se surpreendia com seus sorriso brincalhão que chegava até seus olhos, os braços fortes que a faziam se sentir segura. Convidou-o a entrar. Conversaram até de madrugada quando ele disse que tinha que ir.
-Você tem algum compromisso?
-Não, mas...
-Sem mas. Que tal você dormir aqui hoje?
Ele sorriu e foi como se todo o mundo parasse por um momento ao vê-lo sorrir.
-Você é uma garota bastante atrevida, mas uma garota e seria errado se eu me aproveitasse disso. Afinal eu já tenho meus vinte e cinco.
-Tanto faz, oito anos a mais.
-Garota, garota.
Repetiu e Marianne adorou como a palavra soava nos lábios dele, adorou os lábios dele e de um rompante o beijou. E o beijo foi se tornando algo mais forte, mais incontrolável a medida que suas mãos deslizavam pela barriga dele e quando deu por si tiravam sua blusa. Num ímpeto de momento estavam os dois se esbarrando pelos cantos da casa na tentativa de chegar no quarto. Já sem camisa e resfolegando, ele a jogou na cama e arrancou as dentadas o que restava fechado de sua blusa e seu sutiã, os jeans caíram no chão enquanto se arranhavam, se beijavam...
E a cidade virou uma mera telespectadora do amor dos dois.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Então é Natal e o que você fez...

Esse ano eu fiz e deixei de fazer muita coisa. Aproveito então pra fazer minha retrospectiva, afinal o "ano termina e nasce outra vez". Posso começar dizendo que tinha expectativa e muita para 2012, tinha na minha cabeça que este ia ser O ano e de certa maneira foi. Foi O ano para rir e também para se estressar, para fortes emoções e novos conceitos, O ano para aprender que nem sempre as coisas são um mar de rosas e que , não se espante, existem outras pessoas ao nosso redor.
Mas também acabei me decepcionando, acho que expectativa demais nunca é uma coisa boa. Me decepcionei com o governo, com as pessoas, com aqueles que sempre achei que estariam comigo, comigo mesma. Fiquei revoltada com o mundo, queria fazer parte da geração rock'n roll dos anos 80, que ia para as ruas e lutava, ia de contra o mundo. Também quis ser culta, ser descolada, ser parte da galera.
Quis novos amores e acabei me contentando com a solidão, tive novos sonhos e acabei acordando em pesadelos. De mim foi tirado uma coisa muito importante e agora passo os dias tentam aprender como viver sem ela. Mas a mim também muito foi dado, afinal vivi por quase 365 dias de grandes emoções e grandes tédios.
Me afastei de tanta gente e sobretudo de uma pessoa que considerava essencial, me afastei e agora mudamos, as duas, e não sei mais como me aproximar. Não sei se sou capaz de entender as mudanças dela e talvez também ela não seja capaz de me entender. Mas deixo para 2013 todas essas preocupações, deixo isso e mais o meu nervoso, ansiedade pelo novo. Deixo para o ano que vem minhas expectativas, meus sonhos, meus temores, minhas ansiedades, meus medos, meus amores, minhas amizades. Deixo para 2013 tudo de mim.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

E me olhou, pude sentir no fundo daqueles olhos cinzentos como estava magoada nada disse porém.
-Você me entende? Não quero mais brigas, discussões...
-Tudo bem.
-Mesmo?
-Se tomou sua decisão e pretende se manter nela por mim está tudo bem.
-Então eu to indo.
Vi quando saiu em passos rápidos na direção da porta, mas vi tudo muito vagamente. Sentei naquele sofá mais velho que eu e mais mofado também, e encarei a parede manchada foi então que finalmente entendi aquela música de Caetano "e agora que faço eu da vida sem você". E agora? Sei que não podia tê-la deixado ir, sei que devia ter insistido, mas sei também de todas as nossas brigas, sei que ia acabar com os dois magoados por causa de um monte de palavras idiotas. Sei que a culpa é minha.
Tinha tanto pra dizer pra ela que fiquei calado. Como, por Deus, eu fiquei paralisado? Tinha mais era que ter gritado, esbravejado, segurado as pernas dela e falado "Não daqui você não sai!" Simplesmente deixei ela falar e disse tudo bem. Tudo bem! Devia ter pedido desculpas, ter mudado quando tive chance, devia ter confiado mais nela, ah tanta coisa que eu devia ter feito pra que ela quisesse continuar comigo e eu não fiz naquela tola certeza do aaah mas a gente se ama. Ama muito até, mas só amor não basta tem que ter compreensão, carinho, confiança, segurança, proteção. Tem que aguentar a barra. E eu sou fraco, fui fraco a anos atrás pra pedir ela em namoro, fui fraco quando não dei valor a ela, fui fraco hoje quando permaneci calado, fui fraco, sou fraco.
E agora o gato que eu comprei uns meses atrás me escuta lamentando, escuta as coisas que eu devia ter dito a ela. Aposto que depois de tudo até o gato quer namorar comigo, mas ela, ela foi embora e não vai voltar. Ah gatinho eu devia ter dito que o sorriso dela é esquisito sim mas que brilha quando verdadeiro, que o cabelo dela é emaranhado mas quando ela lava parece uma moldura pro seu rosto, que  ter uma perna maior que a outra deixa ela fofinha, que ter alguns pneuzinhos só deixa ela mais bonita, que as gostosas das revistas tem mais celulite do que ela e que aquilo lá é photoshop que elas usam. O gato dormiu, me deixando falando sozinho e acho que no fim é isso mesmo. Estou sozinho, com um gato dorminhoco, porque perdi a mulher da minha vida sendo um fraco, um idiota. Estou aqui achando sentido nas músicas de Caetano, porque agora sei qual a sensação de perder o amor da sua vida.