segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Sobre as eleições

Sobre a criação de um MURO que separe o Norte-Nordeste do resto do Brasil: nós o aceitamos, porém com as seguintes condições:

1 - Dê adeus a aquele açaí gostoso que você toma todo dia na academia, ok? E volte ao pão integral, pois tapioca não terás ma
is. 

2 - Seus filhos não irão poder ler Jorge Amado, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, Aluisio de Azevedo, Castro Alves, José de Alencar, João Ubaldo Ribero, entre outros.

3 - Vamos ter que engolir Collor, Sarney, Lobão e Renan. Você terá que aguentar seus jovens talentos: Bolsonaros, Garotinhos, Feliciano e Russomano. Além do João Campos (autor da cura gay), Malafaia e Edir Macedo.

4 - Não vale mais viajar para Porto de Galinhas, Praia do Forte, Itacaré e Jericoacoara. Muito menos réveillon em Trancoso e jamais, em hipótese alguma, carnaval em Salvador e Recife. Aliás, todas as memórias de carnavais passados neste locais terão que ser apagadas da sua mente.

5 - Seu carro flex, vai ser só a gasolina, pois não vamos dar a cana-de-açúcar que plantamos e produzimos. 

6 - O samba fica com a gente pois foi criado na Bahia. Vamos ter que brigar pela Bossa-Nova, pois surgiu no RJ, mas das mão de um baiano, João Gilberto. Também ficamos com o movimento Tropicalista e seus principais mentores: Caetano, Gil, Torquato e Tom Zé. Sua vida musical vai ficar mais triste pois não abrimos mão de ficar com o frevo, axé, maracatu, afoxé, forró e tantos outros ritmos. 

7 - Ficamos com o maior complexo industrial integrado do hemisfério sul, o Polo Petroquímico de Camaçari que conta com 90 empresas químicas, além da fábrica da Ford. E lembre-se que o maior polo tecnológico, o Porto Digital, está em Recife e o polo têxtil está em Fortaleza. 

8 - Podem ficar com Elis Regina. Nós ficamos com Gal, Bethânia, Elba, Alcione, Fafá, Daniela e Ivete.

9 - Não abrimos mão da maior empresa de construção do país, a Odebrechet, que também é a maior exportadora de serviços brasileiros e uma das maiores construtoras de hidroelétricas do mundo.

10 - Quando o volume morto da Cantareira acabar, não vale pedir água emprestada da bacia do Amazonas ou do são Francisco (que já anda muito castigado).

11 - Parte da exportação fica com a gente, principalmente a de frutas, algodão, soja, cacau, feijão, guaraná e milho. 95% do sal também fica conosco já que é produzido no Rio Grande do Norte.

12 - Não vamos ser a 6a economia mundial, nem vocês, pois serão ultrapassados por Itália, Rússia e Índia. Nosso PIB será maior do que o do Chile, Portugal, Israel, Grécia, Finlândia e Singapura, para citar alguns exemplos.

13 - E o mais importante de tudo: DEVOLVA NOSSA GENTE. Queremos de volta todos os nordestinos (e seus descendentes) que saíram de nossas terras desde a década de 40 e ajudaram a construir suas cidades. São Paulo e Rio são grandes metrópoles hoje, graças a migração nordestina, e se todos um dia voltarem, essas cidades irão parar e a economia quebrar. Além de empregadas domésticas e motoristas de ônibus, vai faltar professores, médicos, engenheiros e administradores. 

Nhay? Ainda quer construir esse muro?

(Este post não tem o intuito de ofender ninguém, nem de acirrar disputas, muito menos destacar superioridades/inferioridades de regiões. Apenas gostaria de lembrar que existem coisas boas e ruins em todos os lugares. Se os nordestinos votaram em Dilma, é porque tem seus motivos. Burro e ignorante é você que não percebe. O Nordeste precisa do Brasil e o Brasil precisa do Nordeste. Vamos deixar o racismo e elitismo de lado, afinal somos todos brasileiros. 8 de Outubro, dia do Nordestino
E vá se lasca com seu preconceito!!!


Autor de comentário da internet. 

domingo, 12 de outubro de 2014

Amianto

Moça, sai da sacada. Você é muito nova pra brincar de morrer .Me diz o que há, o quê que a vida aprontou dessa vez? Venha, desce daí. Deixa eu te levar pra um café, pra conversar, te ouvir e tentar te convencer. Que a vida é como mãe que faz o jantar e obriga os filhos a comer os vegetais, pois sabe que faz bem. E a morte é como pai que bate na mãe e rouba os filhos do prazer de brincar como se não houvesse amanhã. Moça, não olha pra baixo. Aí é muito alto pra você se jogar. Vou te ouvir e tentar te convencer (Somos programados pra...). Que a vida é como mãe que faz o jantar e obriga os filhos a comer os vegetais, pois sabe que faz bem. E a morte é como pai que bate na mãe e rouba os filhos do prazer de brincar como se não houvesse amanhã.  Mas, tudo bem, nem sempre estamos na melhor... Moço, ninguém é de ferro Somos programados pra cair.

-Supercombo
“Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras
Secretamente, entre a sombra ea alma.
Te amo como a planta não floresce e leva
Dentro dela, oculta a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive obscuro em meu corpo
O apertado aroma que ascende da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho;
Assim te amo porque sei amar de outra maneira,
Senão assim deste mode em que não sou nem és
Tão perto que a tua mão no meu peito é minha mão,
Tão perto que se fecham seus olhos com meu sonho”

-PABLO NERUDA SONETO XVII

DIVAGAÇÕES NA BOCA DA URNA

Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível. Desprezível é tudo aquilo que não colabora para o enriquecimento do humano, mas para a sua (ainda) maior degradação. Como se fosse possível. Pior é que sempre é.
Ah, a grande náusea desses jeitos errados que os homens inventaram para distrair-se da medonha idéia insuportável de que vão morrer, de que Deus talvez não exista, de que procura-se o amor da mesma forma que Aguirre procurava o Eldorado: inutilmente.
Porque você no fundo sabe tão bem quanto eu que, enquanto a jangada precária gira no redemoinho, invadida pelos macacos enlouquecidos, e você gira sozinho dentro da jangada, ao lado da filha morta com quem daria início à primeira dinastia — mesmo assim: com a mão estendida sobre o rio, você julgará ver refletido no lodo das águas o brilho mentiroso das torres de Eldorado. E há também aquela outra política que os homens exercitam entre si. Uma outra espécie de política ainda menor, ainda mais suja, quando o ego de um tenta sobrepor-se ao ego do outro. Quando o último argumento desse um contra aquele outro é: sou eu que mando aqui.
Ah, a grande náusea por esses pequenos poderosos, que ferem e traem e mentem em nome da manutenção de seu ego imensamente medíocre. Porque sem ferir, nem trair, nem mentir, tudo cairia por terra num estalar de dedos. Eu faço assim — clack! — e você desmonta. Eu faço assim — clack! — e você desaparece. Mas você não desmonta nem desaparece: você é que manda, essa ilusão de poder te mantém. Só que você não existe, como não existe nem importa esse mundo onde você se julga senhor, O outro lado, o outro papo, o outro nível — esses, meu caro, você nunca vai saber sequer que existem. Essa a nossa vingança, sem o menor esforço.
Mais nítido, no entanto, que as ruas sujas de cartazes e panfletos, resta um hexagrama das cores do arco-íris suspenso no centro daquele céu ao fundo da rua que vai dar no mar.
É o único rosto vivo em volta, nunca me engano. Chega devagar, pede licença, sorri, pergunta: “E você acha que aqui também é um deserto de almas?” Não preciso nem olhar em volta para dizer que sim, aqui também. E os desertos, você sabe — sabe? — não param nunca de crescer.
Ah, esses vastos desertos em torno das margens do rio lodoso e tão árido que é incapaz de fertilizá-las. Da barca girando no centro do redemoinho, se você estender a mão sobre as águas escuras e erguer bem a cabeça para olhar ao longe, julgará ver as árvores, além do deserto que circunda o rio.
Entre os galhos dessas árvores, macacos tão enlouquecidos quanto aqueles que invadem tua precária jangada, pobre Aguirre, batem-se os humanos perdidos em seus pequenos jogos que supõem grandes. Para sobrepor-se ao ego dos outros, para repetir: sou eu que mando aqui. Para fingir que a morte não existe, e Deus e o amor sim. Pulando de galho em galho, com seus gestos obscenos e gritinhos histéricos, querendo que enlouqueças também. Os dentes arreganhados, os macacos exercitam o poder. Exercitam o desprezível nos escombros da jangada que gira e gira e gira em torno de si mesma, sempre no mesmo ponto inútil, em direção a coisa alguma, enquanto o tempo passa e tudo vira nada.
Do meu apartamento no milésimo andar, bem no centro da ilha de Java, levanto ao máximo o volume do som para que o agudo solo da guitarra mais heavy arrebente todos os tímpanos, inclusive os meus.
O Estado de S. Paulo, 19/11/1986

Caio Fernando Abreu - Pequenas Epifanias

NAS NOITES DE FRIO É MELHOR NEM NASCER 12\09\2014

Um mês quase certinho que eu não escrevo nada, to gastando minhas bainhas de mielina tentando entender os assuntos e falhando. Esse final de semana vai ter entrega de boletim e eu falhei totalmente na minha meta de unidade e isso me deprimiu um pouco muito, mas já chorei, já sofri só me resta mesmo enlouquecer.  Esse friozinho de inverno vem trazendo uns dias meio frios; e frio lembra carência que associada a minha depressão escolar, lembra tristeza e todas as coisas que eu queria, mas não tenho.
Não quero fazer disso um conto melodramático de uma adolescente amargurada, de maneira alguma. Só queria desabafar que é duro fazer a durona e dizer manda mais porrada que eu aguento, eu queria desabar por uns minutos, dias, semanas. Ficar encolhida numa bolha com um cobertor, séries, livros , comida e por que não um “mozão”. Lembrei agora de uma música acho que da Sandy, que fala “eu tenho sonhos de adolescente, mas as costas doem”, bom, eu sou adolescente, mas as costas doem.
Ser adolescente é uma pressão danada, não é fácil como parece ser na TV e nos livros, como parece ter sido o tempo dos seus pais, parece até que seus amigos lidam com isso melhor que você. Ou talvez seja só eu que não sei lidar com nada. Quero ter a certeza de que quando chegar o momento eu vou poder dar risada e lembrar do agora como bons tempos, porque viver na incerteza é um saco. Quando você pensa demais todo o resto parece tolo.

PS: Minhas costas realmente estão doendo.

O ADESTRAMENTO PARA O VESTIBULAR 19\08\2014

A escola não te ensina, ela te adestra. Pelo menos aqui no Brasil. Tudo bem que eu tenho muito pouco conhecimento sobre as outras escolas, mas fingiremos que essa generalização é válida. Eu tenho professores maravilhosos que falam sobre revoluções, como nós somos o futuro, como temos que pensar, refletir, a importância da classe média e do micro poder e chegamos ao ponto em que eu não posso colocar nada disso em prática por que a escola é arbitrária de diversas maneiras diferentes.
Esse pensamento me veio à cabeça durante a aula quando o professor falava sobre como populações com maior índice de educação tem uma média de filhos menor. Nisso ele falava que a escola brasileira preza pela memorização enquanto na Finlândia, por exemplo eles realmente prezam o aprendizado.  Depois conversando com uma amiga a gente ficou comentando sobre isso, a maior parte dos conteúdos escolares não para se um aluno ficou com dúvida e o professor não considera aquilo que você sabe como resposta, tem que ser exatamente como no livro. O ENEM espera que você lembre de assuntos das séries primárias.
A nossa educação é voltada para o que vai cair no vestibular, o que não deixa de ser importante, mas e toda a parte de revolução, trazer luz, fazer brilhar a chama do conhecimento, ok eu fugi do assunto.  De que me adianta estudar sobre como todos temos direitos a opinar se eu tenho um professor que se considera certo sempre, se minha coordenadora não concorda com discordâncias. Eu adoraria poder colocar em prática bem mais minha atuação como micro poder, mas é difícil quando tudo parece ser contra e a alienação é dominante.


PS: Talvez isso aqui tenha ficado um pouco muito revoltado, mas deixa pra lá tudo é verdade  de qualquer jeito e mesmo calma eu concordaria.

POEIRA DE ESTRELA – 16\08\2014

Pode-se dizer que eu de muitas maneiras vejo isso aqui como um livro, ok certo na minha cabeça eu vou conseguir escrever bem publicar e fazer sucesso. Nada disso vem ao caso agora, mas iremos fingir que eu não estou falando sozinha e que você leitor é meu mais caro e precioso amigo no momento. Pois veja, eu pensei em diversas maneiras de como começar a escrever isso aqui e nenhuma delas parecia correta.
Esse projeto me veio como inspiração numa noite de insônia e deitada na cama eu escrevi parágrafos e mais parágrafos com ironia, ceticismo, crítica, sabedoria ai no dia seguinte tudo pareceu besteira. E isso me fez pensar sobre a quantidade de coisas que são criadas e desenvolvidas em momentos de tédio e que poderiam ser ótimas, mas se tornam apenas poeira. Um exemplo:  Meus amigos e eu (isso soou tão tosco como eu li ou só impressão mesmo) somos o que se pode chamar de criativos e com dificuldade de prestar atenção na aula, a gente acaba sentando junto e tentando unir coisas legais como RPG e séries, fazer fanfics medievais, vlogs e tantas outras coisas que são muito maneiras e quem sabe poderiam dar certo, mas nunca são colocadas em prática por sei lá que razão.

Faz pensar em quantas pessoas por ai já não foram assim, Deus, eu já criei tantas historinhas que poderia ter virado a nova autora best-seller juvenil (ok, nem tanto) se tivesse colocado alguma delas no papel (vocês entenderam, computador). Talvez exista um Einstein por ai que ficou com preguiça de digitar sua teoria, bastante improvável mas... Essa semana foi tão trágica, tantas famílias não puderam ter um final de semana juntas e isso causa uma pausa, uma reflexão. “A morte é um piada que era pra ter graça” diz Pedro Bial num texto e é justamente isso, ela é inesperada e absurda, porém extremamente sem graça e todas essas suas ideias vão virando poeira junto com você. Difícil parar pra pensar.