terça-feira, 14 de julho de 2015

Suíte em quatro movimentos: Um livro escrito por um mulher

Esse foi um dos mais difíceis. Quando comecei a ler, aconteceram umas milhares de coisas na minha vida. Carnaval, mudar de cidade, começar as aulas na faculdade e no fim eu só pude voltar a me dedicar a ele dois meses depois. Mesmo com tudo isso a história não perdeu seu brilho. É um livro excelente, que te confunde e consegue ser denso da mesma maneira em que é leve. Trago aqui o resumo feito por um site pra acrescentar algo a mais.
Suíte em Quatro Movimentos
Após um prólogo que relata a conversa entre um homem e um menino que lhe ensina como fazer um avião de papel, o leitor se depara com o primeiro movimento, começando da forma mais banal de transformar o absurdo em algo comum: “Lá estava um homem que, entre o prato principal e a sobremesa de um jantar, subiu as escadas e se trancou num dos quartos da casa das pessoas que estavam dando o jantar”. Logo depois, acompanha-se a história de Anna Hardie, uma escocesa que na adolescência conheceu o tal homem que se trancou no quarto. Ela é chamada pela dona da casa para tentar falar com Miles (este é o nome do homem), tentando de alguma forma colaborar para que ele saia. Anna ainda conhecerá uma menina chamada Brooke, filha de um casal que trabalha na universidade e que estava presente no jantar em que Miles se meteu no quarto, com quem a escocesa travará alguns diálogos interessantes.
segundo movimento segue a vida de Mark, um homem já velho que perdeu a mãe há quarenta e sete anos. Mais do que isso, foi ele quem convidou Miles para ir ao jantar. Ao se conhecerem, uma semana antes, após uma troca de comentários sobre a peça O conto de inverno, além de uma conversa um tanto estranha sobre a importância do “mas”, Mark acabou convidando Miles para ir ao “evento”. O tal jantar funciona como uma “celebração anual”, em que a Sra. Lee convida pessoas alternativas, que nunca convidaria numa situação comum. Uma forma de quebrar a rotina.
Um dos mais impressionantes, o terceiro movimento acompanha o pensamento e as lembranças nada lineares de May Young. Internada numa espécie de asilo/casa de saúde, a mulher desperta e começa a estranhar aquelas mãos velhas e enrugadas à sua frente, as quais depois constatará ser suas próprias mãos. Também faz uma série de questionamentos sobre a menina que está sentada como acompanhante, não consegue se lembrar quem é ela. Através do fluxo de consciência, o leitor acompanha os pensamentos e lembranças de May. E a forma como este movimento se conecta às demais histórias é um dos pontos mais tocantes do livro. Todos os anos, Miles a visitava no dia do seu aniversário. Neste ano, como está trancado no quarto da Sra. Lee, enviou um pedido para as pessoas que se acampam em frente à casa – esperando por Miles como se ele fosse um profeta – para que localizassem May Young e lhe fizessem companhia.
quarto movimento é o último ato de uma peça que prende a atenção, pois além de ser um livro sobre Miles, o homem que se tranca no quarto da casa de um estranho, é também sobre a menina Brooke – que não aparece apenas no terceiro movimento. Neste quarto, o leitor segue Brooke em sua trajetória de observar a casa da Sra. Lee, tendo sido uma das que estava também no jantar em que tudo aconteceu. Filha de dois professores, a menina surpreende com sua criatividade. Mas a forma com que a escritora usa a personagem é a de registrar o mundo a partir deste olhar agudo, porém infantil, passando por temas como a história da Inglaterra, o caso de Miles e até uma discussão entre os pais. 

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