quinta-feira, 22 de agosto de 2013

-Onde você estava?
Pergunto emburrada, sinto o cheiro da bebida, percebo a amargura e a ironia do teu olhar cansado e me irrito por ter esperado sozinha, por ter que lidar com isso. Não era pra ser assim.
-Tava por ai.
Ai aonde? Era o que eu queria dizer de verdade, mas fico calada. Ouço teus passos trôpegos até a cozinha, ouço tuas batidas nos móveis e não me mexo. Na minha cama hoje você não dorme e nem vai adiantar os beijos na nuca, cantar Mulher de Fases.
-Vem dormir logo menina.
Hipócrita. Minha vontade é te esganar, te torturar tanto quanto torturas o meu coração que não sei se lembra tu prometeu cuidar moleque, com essas mesmas palavrinhas bonitas, esse mesmo jeito de malandro. Queria te sacudir e gritar na tua cara "Porra, cresce!", mas eu sei que amanhã de manhã não vai ter mais nada dessa noite na tua memória. Não vai lembrar de ter gritado comigo e saído batendo a porta, de voltar bêbado e cafajeste, de ter cheiro de mulher, bebida e cigarro em você. Só quem lembra sou eu. Quem sofre sou eu. Tá tudo tão fácil pra você, toda vez que se irrita sai e me deixa plantada pensando coisas terríveis. Eu realmente achei que seria feliz contigo, que ia cuidar de mim como prometeu, que viver juntos seria um paraíso, mas vá lá até o demônio já fez parte do paraíso né amor?
O pior é que eu me conheço, vou acordar amanhã cedo pra cuidar de você, vou me derreter com as tuas palavras bobas e vou continuar aqui. Porque sou uma tola, uma tola magoada, que não aprende. Um tola que por pior que tu sejas não deixa de te amar.

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