sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ele me olha com esses olhos que não são de cobra mas poderiam ser, ergue a sobrancelha dá um sorriso sacana, passa a mão no meu cabelo. E eu  tímida, me escondo no azulejo do chão, cerco os olhos e tento acalmar o coração, sorrio sem querer, me disfarço de você. E ele, que é você diga-se de passagem, me levanta o rosto e continua a sorrir nessa mania de sair sempre ganhando, seja um coração ou um jogo, essa mania de se saber dono de mim. Me tenta com essa boca que sorri e fala, que provoca e seduz, me conquista com esses braços fortes, com essa mão tão macia passando no meu rosto. Fica na dele e de lá me tem. E eu tão perdida, tentando disfarçar aquilo que não se esconde, me prendendo num último fiapo de razão. Você, que é ele, que me olha, me devora, me tem, me tira o chão, o ar e o tudo mais. Me vêm assim nessas manhãs, nessas tardes e nessas noites, me mata assim nesse anseio, nesse desejo louco. Ele, que é você, sabe sem saber, age fingindo desconhecer. E eu que sou tua, fico na maresia de todo dia a vagar como um planeta ao redor do sol.

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