quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estava ciente da proximidade de seu rosto, podia sentir sua respiração por entre meus demorados suspiros. Mas fingia não perceber, fazia-me de boba e tola para seu braço tão pressionado ao meu que chegava a machucar, de cega para suas mãos que, nervosas, giravam a chave furiosamente, só não fingia me de surda porque tornara-se desnecessário. Observa-lo se tornava distração e deleite e mal fazia-me ouvir as palavras que saiam de sua boca sendo que só reparava no movimentos de seus lábios tão cheios de vida, mal ouvi quando estes sussurraram meu nome. Arrancada de meus devaneios olhei para ele, que exigia minha atenção para suas palavras, lembro-me d eque na hora as ouvi não com a atenção que ele exigia de mim, porque esta se concentrava em cada pequeno detalhe de seu rosto desde as sobrancelhas meio arqueadas,ao nariz um pouco empinado,passando pelas salientes maçãs do rosto e os olhos que mais pareciam uma piscina de tão profundos. Pareciam analisar-me. Vi quando o vento jogou um mecha do cabelo escuro em seu rosto e suas mãos pararam de girar a chave para consertar, tive vontade, e por pouco não me contive, de tirar a mecha do rosto por ele, de passar a mão suavemente pelo seu rosto sentindo cada a barba ainda por fazer.Mas me contive. Ele praguejou contra o vento, estava bravo. Olhou novamente para mim com aqueles olhos e se despediu. Era isso depois de tudo estava mesmo indo embora, não havia mais motivos que o prendessem ali não é mesmo? Quis levantar sacudi-lo pelos braços e falar que eu ainda estava ali, mas não o fiz. Levantei-me e o puxei para um abraço era o mais próximo que eu podia fazer, ali naquele nosso lugar de tantas conversas e memórias agora virara um lugar de adeus. Como uma estatua me mantive me pé observando-o se afastar para talvez não mais voltar, não percebi porém quando ele parou perdida que estava em meus próprio pensamentos. Apenas me die conta quando ele já estava fazendo meia-volta e andando em minha direção, pensei talvez que esquecera as chaves por ali. Enquanto se aproximava observei a intensidade em seu rosto e pude senti-la quando passou suas mãos pela minha cintura e me puxou para perto de si, mal tinha consciência do mundo ao meu redor ou de onde estávamos, sonhei tanto por aquele momento que apenas sorri de tanta alegria e vê-lo sorrir de volta fez meu coração pulsar cada vez mais descompassado. Quando ele falou ao meu ouvido que esperara demais pro aquele momento não me contive e joguei meus braços por seu pescoço o puxando para mais perto de mim.E finalmente como num longo  demorado conto de fadas que ansiava por um final feliz nos beijamos.

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