sábado, 20 de junho de 2015

Sorri. Estranho como as palavras, minhas velhas amigas de sempre, sumiam. Minhas frases parecem cortadas e irregulares e meu monólogo interior, isso aqui pra ser mais exata, não tem sentido algum.
- Ta calada porque?
Como eu explico que se abrir a boca corro o risco de falar algo parecido com: “aaahh owwwn aimeudeus que fofo me abraça”, ou seja ficar ainda mais retardada. Sorrio de novo, consigo sentir minhas bochechas quentes e a garganta apertada, “você sorri desse jeito e eu que já perdi a hora e o lugar...”.
-Fiquei sem saber o que te dizer.
Ai você chega mais perto de mim e eu lembro daquela música pop que fala sobre sentir o corpo pulsar como um martelo, o que não tem sentido nenhum se você parar pra pensar. Mas entendo as cantoras, parece que meu sangue quer sair das minhas veias e ir para as tuas, algo meio mórbido e profundo.
-Mas então tu vai sair comigo, moça?
Sair? Eu quero bem mais que isso. Meu Deus, cara, eu já imaginei até a legenda da nossa foto de casalzinho. Exagerada sempre, jogada aos pés de alguém, nunca.
-Vamos sair sim, pra onde já sabe?
-Surpresa.
Amo surpresa. Odeio surpresa. Quero saber de tudo, adoro a sensação de quando algo te surpreende de verdade. Se eu já sou confusa, contigo é como seu eu virasse um buraco negro. Apesar daquela música falar que “tudo está em ordem num buraco negro”. Ordem? Cadê? Onde? Quando?
-Adoro surpresa. Que dia?
-Prática. Eu te aviso pode ser?
Despedidas. Odeio. Não gosto. Não sei o que fazer.  Melhor falar uma piadinha da internet sorrir e seguir em frente tropeçando. Apesar de que você não deixaria eu fazer isso, você merece mais que isso. To pensando demais.
-Pode ser sim.
-Então, eu já vou indo.
-Tá cedo.
- Tenho que estudar ainda.
Acho que você está mentindo. Não vou te falar isso. Mostrar o quanto me importo, o quanto sou paranoica.
-Ah, tá certo. Me avisa então.
Meu coração. Está no pulmão. Não, na boca. Não, no pâncreas, na faringe, na laringe. Em todos os lugares ao mesmo tempo.  Consigo sentir o seu perfume, me afeta como  um soco no estômago. Tudo me afeta.
(...)
Queria descrever, dizer que eu estava pensando, mas não. Me sinto meio surtada até agora. Meio bem, meio louca. “Você me bagunça, tumultua tudo em mim”. Nem acredito que você me beijou, sério mesmo. E ainda sorriu e disse: 
-Te ligo.
Com a maior naturalidade, nem reparou que eu estava meio boba, meio aérea. Nem reparou na bagunça. E eu sorri, e não consegui mais parar. Sorrindo até agora, um maneira fofa de parecer o coringa. Nem sei como acabar esse monólogo, nem sei. Queria saber. To repetitiva vou ficar falando de você até cansar, se é que dá pra cansar de você. Acho que não.


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